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moagem de concreto

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) Cimentos foi confirmada esta semana como compradora acordada do negócio brasileiro de cimento da Holcim, com um valor de transação de 1,03 mil milhões de dólares. A transação inclui cinco fábricas integradas de cimento, quatro fábricas de moagem e 19 instalações de concreto pronto. Em termos de capacidade de produção, a CSN deverá se tornar a terceira maior produtora de cimento do Brasil, atrás apenas da Votorantim e da InterCement. Ou, se você acredita nas afirmações descaradas da CSN sobre a capacidade ociosa dos concorrentes, você está em segundo lugar!
Figura 1: Mapa da fábrica de cimento incluída na aquisição dos ativos brasileiros da LafargeHolcim pela CSN Cimentos. Fonte: Site de Relações com Investidores da CSN.
A CSN começou originalmente com a produção de aço e ainda hoje representa uma parte importante de seus negócios. Em 2020, reportou receitas de 5,74 mil milhões de dólares americanos. Aproximadamente 55% são do negócio siderúrgico, 42% do negócio mineiro, 5% do negócio logístico e apenas 3% do negócio cimento. O desenvolvimento da CSN na indústria cimenteira começou em 2009, quando iniciou a moagem de escória de alto forno e clínquer na planta Presidente Vargas, em Volta Redonda, Rio de Janeiro. Posteriormente, a empresa iniciou a produção de clínquer em 2011 em sua planta integrada de Arcos, em Minas Gerais. Nos dez anos seguintes, muita coisa aconteceu pelo menos em público, porque o país enfrentava uma recessão econômica e as vendas nacionais de cimento caíram para um ponto baixo em 2017. A partir de 2019, a CSN Cimentos começou então a discutir algumas novas propostas projetos de fábrica em outros lugares. Brasil, dependendo do crescimento do mercado e da oferta pública inicial (IPO) esperada. Estas incluem fábricas no Ceará, Sergipe, Pará e Paraná, bem como a expansão das fábricas existentes para o sudeste. Posteriormente, a CSN Cimentos concordou em adquirir a Cimento Elizabeth por US$ 220 milhões em julho de 2021.
Vale ressaltar que a aquisição da Holcim ainda precisa da aprovação da autoridade concorrencial local. Por exemplo, a fábrica da Cimento Elizabeth e a fábrica da Holcim em Caaporã estão ambas localizadas na Paraíba, distantes cerca de 30 quilômetros uma da outra. Se aprovado, isso permitirá à CSN Cimentos possuir duas das quatro fábricas integradas do estado, sendo as outras duas operadas pela Votorantim e pela InterCement. A CSN também se prepara para adquirir quatro fábricas integradas em Minas Gerais da Holcim para aumentar a que possui atualmente. Embora devido ao grande número de usinas no estado, isso não parece receber muita atenção.
A Holcim deixou claro que o desinvestimento no Brasil faz parte de sua estratégia de focar novamente em soluções de construção sustentáveis. Após concluir a aquisição da Firestone no início de 2021, os recursos serão utilizados para seus negócios de soluções e produtos. Afirmou também que pretende concentrar-se nos principais mercados com perspectivas de longo prazo. Nesse caso, o desenvolvimento diversificado do cimento por grandes siderúrgicas como a CSN contrasta fortemente. Ambas as indústrias são indústrias com altas emissões de dióxido de carbono, portanto a CSN dificilmente ficará longe das indústrias intensivas em carbono. Porém, ao utilizar escória na produção de cimento, os dois têm sinergias em termos de operação, economia e sustentabilidade. Isso levou a CSN Cimentos a firmar parceria com a brasileira Votorantim e a indiana JSW Cement, que também produzem cimento. Independentemente do que aconteça na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26), em Novembro de 2021, parece improvável que a procura global de aço ou cimento diminua significativamente. A CSN Cimentos retomará agora seu IPO de ações para captar recursos para a aquisição da Holcim.
As aquisições são uma questão de tempo. A transação CSN Cimentos-Holcim segue a aquisição da CRH Brasil pela joint venture Companhia Nacional de Cimento (CNC) da Buzzi Unicem no início de 2021. Conforme mencionado acima, o mercado de cimento brasileiro tem apresentado um bom desempenho desde que começou a se recuperar em 2018. Comparado com outros países, devido às fracas medidas de confinamento, a pandemia do coronavírus dificilmente abrandou esta situação. De acordo com os últimos dados do Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC), de agosto de 2021, o atual crescimento das vendas pode estar enfraquecendo gradativamente. Desde meados de 2019, o total anual móvel mensal tem aumentado, mas começou a desacelerar em maio de 2021. Segundo os dados deste ano, as vendas em 2021 vão aumentar, mas depois disso, quem sabe? Um documento do Dia do Investidor da CSN em dezembro de 2020 prevê que, como esperado, com base nas previsões econômicas gerais de crescimento, o consumo de cimento no Brasil crescerá de forma constante até pelo menos 2025. No entanto, as preocupações com a inflação, aumentos de preços e incerteza política antes das próximas eleições gerais em o final de 2022 pode minar isso. Por exemplo, a InterCement cancelou a sua proposta de IPO em julho de 2021 devido às baixas avaliações devido à incerteza dos investidores. A CSN Cimentos pode encontrar problemas semelhantes em seu IPO planejado ou enfrentar alavancagem excessiva ao pagar pela LafargeHolcim Brasil. De qualquer forma, a CSN decidiu arriscar no caminho para se tornar a terceira maior produtora de cimento do Brasil.


Horário da postagem: 22 de setembro de 2021